Triste Fim de Policarpo
Quaresma
“Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público,
certo de que a língua portuguesa
é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das
letras, se veem na humilhante contingência de sofrer
continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo,
além, que, dentro do nosso país, os autores e escritores, com especialidade os
gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se,
diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais
profundos estudiosos do nosso idioma, usando do
direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o
Congresso Nacional decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do
povo brasileiro.
O
suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam a favor de
sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a
mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais
viva e original; e, portanto, a emancipação política do
país requer como complemento a sua emancipação idiomática.
(Barreto, Lima. Triste Fim de Policarpo
Quaresma. São Paulo: Editora Brasiliense, 1959,PP. 80-81. Revista Língua
Portuguesa pág 35. Ano 9. Nº 100. Fevereiro de 2014).
Nenhum comentário:
Postar um comentário